Criada em 1988, seu nome homenageia o Quilombo de Palmares, símbolo de resistência contra a escravidão, marco da luta pela liberdade e afirmação da identidade negra no Brasil. Têm importância histórica e social, por ter como objetivo valorizar e preservar a cultura afro-brasileira, proteger e certificar as comunidades quilombolas, tendo como norte promover políticas públicas de equidade racial.
Sua criação da foi uma reivindicação do movimento negro ao governo brasileiro. Surge num momento histórico em que ares de democracia começavam a sobrar em nosso país, depois de 20 anos de ditadura militar que calou muitas vozes que se opuseram ao regime autoritário.
Talvez, seja pelo que ela representa, tenha sido tão atacada durante o governo Bolsonaro. Na gestão do então presidente Sérgio Camargo, um legítimo “capitão do mato”, a biblioteca foi sucateada, o Machado de Xangô orixá da justiça no Candomblé que simboliza resistência e herança africana deixou de ser o símbolo da fundação, anulação de 27 nomes da lista de Personalidades Negras Notáveis, foram tempos difíceis.
Um dos grandes desafios da Fundação Palmares é a Titulação dos quilombos, não se faz justiça social sem que se mexa em privilégios, o acesso à terra foi negado ao povo negro, em 1850 uma lei federal proibia a aquisição de terras por pessoas negras.
O acesso à terra garante dignidade, autonomia, e soberania alimentar. Por isso, as elites nacionais atuam fortemente no Congresso Nacional contra as políticas de Ações Afirmativas. Aqui no Espírito Santo tem 46 comunidades quilombolas certificadas, mas apenas uma titulada. Titulação é a posse definitiva regularização fundiária do território quilombola.
Esse número representa o quanto tem sido difícil avançar nesta agenda.
Na solenidade de comemoração em Brasília na última segunda-feira (25), foi assinado pelo presidente da fundação João Jorge Rodrigues o Ato Institucional devolvendo os 27 nomes a lista das Personalidades Negras Notáveis, novos nomes foram incorporados chegando ao número de 330, número que faz referência aos 330 anos do martírio de Zumbi dos Palmares, símbolo maior da luta pela liberdade povo negro em nosso país.
Ângela Davis, Antonieta de Barros, Arthur Bispo do Rosário, Cartola, entre outos, fazem parte desta lista de Notáveis.
Entre os capixabas constam os nomes de Albuino Azevedo, Chico Prego, Dona Astrogilda, Edson Papo Furado, Eliza Lucinda, Gustavo Forde, Maria Laurinda Adão, e Zacimba Gaba. A lista é um acervo vivo, novos nomes serão incorporados no futuro.
Durante seu pronunciamento o presidente da Fundação Palmares destacou o momento de reconstrução institucional e político da entidade, afirmou que
“os 37 anos marcam uma nova fase, mais vigorosa e conectada ao futuro, dedicada a quilombolas, povos de terreiro, e as expressões Negras que moldam o Brasil”.
Vida longa a Fundação Cultural Palmares!
Salve Zumbi, salve Palmares!
Por Welington Barros